EDPCOOLJAZZ, Dia 2: The Great Pretenders!
Algo não batia certo nas primeiras músicas com que os The Pretenders começaram o seu concerto no Estádio Municipal Mário Wilson, em Oeiras. Nesta segunda noite de EDPCOOLJAZZ, tínhamos no palco uma banda que fez história desde os anos 70 com discos que marcaram o punk rock da altura e na plateia tudo muito ordenadamente sentado deixando um considerável espaço vazio até ao palco.
Quebrado o gelo com as primeiras canções resgatadas a "Alone", o mais recente disco dos Pretenders que contou com a preciosa produção de Dan Auerbach do Black Keys, Chrissie Hynde colocou a desordem na casa. Antes de atacarem "Don't Get Me Wrong", a vocalista convidou todos a invadirem o espaço entre as cadeiras e o palco chamando quem estava nas laterais de pé. Um dos clássicos mais conhecidos e esperados da noite fez o resto, acabaram-se as primeiras filas sentadas, invasão de fãs que encheram a frente da plateia garantindo uma visão próxima privilegiada de um excelente concerto.
A voz de Hynde está formidável e a sua boa forma aos 65 anos é espantosa. Chrissie continua a espalhar charme e sensualidade em todas as músicas, bem disposta, simpática e muito comunicativa fez valer só por si este reencontro com o público português que já não a via desde Vilar de Mouros em 1999!
Mas há muito mais. A empatia entre Chrissie e o baterista Martin Chambers, são os dois membros mais resistentes da banda, é invejável. Ambos estão à vontade a interpretar temas que marcaram tempos mais rebeldes, como se divertem a desfilar os hits que acabaram por fazer dos Pretenders uma banda intemporal, como "I'll Stand By You" ou "brass in Pocket". Soa tudo bem e genuíno ao vivo.
A visão da frente de palco é bem simbólica daquilo que a música dos Pretenders abrange. Vislumbramos uma criança às cavalitas do pai que fica bem de frente para Chrissie que lhe oferece uma palheta acabada de usar na sua guitarra. Mais tarde, o baterista também lhe ofereceu uma baqueta. Várias gerações estavam ali concentradas, muitos turistas deliciados com o espetáculo e até gente da música portuguesa como o divulgador Fernando Alvim ou o músico Miguel Ângelo.
Foi um concerto de celebração da música de quem sobreviveu a tudo à frente de uma banda sem nunca perder o seu encanto, Chrissie Hynde é uma lenda viva da história do rock e continua a vestir t-shirts do Elvis, calças de ganga apertadas e botas pretas. Envelhecer com enorme estilo passando o poder do rock de geração em geração é isto!
A noite abriu com Rita Redshoes que subiu ao palco de vestido vermelho e sapatos pretos, apesar do nome artístico. Com uma banda muito competente, Rita facilmente conquistou plateia e bancadas com uma viagem por temas que fazem a sua história discográfica desde 2008. Sempre segura e convincente, seja a cantar em português o tema forte "Mulher" do disco mais recente, seja a recuperar todos os singles cantados em inglês que o público reconhece e acompanha com entusiasmo.
Foi uma noite de mulheres encantadoras a lideraram as operações em palco.